Entre 1870 e 1890 a Figueira da Foz desenvolveu-se intensamente. O comércio de exportação de vinhos para o Brasil e para França, de sal para a Terra Nova, de madeira para o Sul de Espanha e de laranja para Inglaterra permitiu a acumulação de capitais.
O fluxo turístico aumentava e muitos investimentos foram feitos na área da hotelaria e dos espetáculos. A Figueira da Foz desenvolveu-se como nunca!
Assistiu-se a um forte desenvolvimento, com fortes reflexos urbanísticos, realçando-se as indústrias do vidro, cerâmica e mineira, as obras de requalificação portuária.
“Attendendo a que a Villa da Figueira da Foz, no districto de Coimbra, é actualmente uma das mais importantes do reino pela sua população e riqueza; e desejando por ocasião da minha recente visita áquella villa, dar aos habitantes d’ella um solemne testemunho de apreço pelos honrados exforços que teem empregado para o seu progressivo desenvolvimento: hei por bem fazer mercê á dicta villa da Figueira da Foz de a elevar á categoria de cidade com a denominação de Cidade da Figueira da Foz; e me apraz que n’esta qualidade gose de todas as prerrogativas, liberdades e franquias que directamente lhe pertencerem, devendo expedirse á respectiva camara Municipal a competente carta, em dois exemplares, uma para titulo d’aquella corpoeação e outra para ser depositada no real Archivo da Torre do Tombo. O ministro e secretario d’estado dos negócios do reino assim otenha entendido e faça executar. Paço, em 20 de setembro de 1882”
A Figueira tinha então pouco mais de 5 mil habitantes (em 1878 a Figueira tinha 1080 fogos e 5676 habitantes e Buarcos 800 fogos e 3182 habitantes). Aos olhos de hoje uma pequena cidade, como bem mostram as fotos da época.
Quatro meses depois, em Janeiro de 1883, na revista O Ocidente escrevia-se:
“A Figueira é das povoações de Portugal que nos últimos tempos mais se tem desenvolvido (…). Ainda nos princípios deste século passado era apenas uma aldeia com 300 habitantes e pouco mais desenvolvimento tinha, quando em 1771 El-Rei D. José a elevou à categoria de vila. (…) Hoje, a Figueira é uma cidade que está crescendo a olhos vistos, organizando companhias edificadoras que têm aumentado consideravelmente o número de edificações, ascendendo já a não menos de 1600 fogos, com cerca de 6000 habitantes. Possui edifícios notáveis, incluindo um magnífico teatro e seu porto está defendido por uma doca de construção recente (…). O seu aspecto é alegre e festivo e de um delicioso pitoresco, a par do seu belo clima. Este conjunto de atractivos, chama um grande número de banhistas, na estação própria, às suas magníficas praias.
O seu comércio é importante, para o que lhe basta ter um magnífico porto de mar por onde se exporta grande quantidade de sal, azeite, vinhos e cereais, etc.
Agora o caminho-de-ferro da Beira Alta vai dar-lhe mais elementos de vida e desenvolvimento assegurando um futuro próspero a esta boa terra.”
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