Do mar-chão ao mar-festivo (5)

Os intelectuais, que são conotados sempre com atitudes futuristas, não têm lugar na Figueira da Foz. Não existem poetas, escritores, articulistas de têmpera e verve, músicos ou actores de craveira; a intelectualidade figueirense exilou-se e buscou outras paragens porque, na verdade, não existe ambiente intelectual. A última realização cultural de porte que aqui se fez importava os seus protagonistas e nunca conseguiu seduzir verdadeiramente o figueirense, mesmo aqueles que tinham pretensos interesses intelectuais

Do mar-chão ao mar-festivo (4)

A partir de uma dada altura a praia vai-se perdendo; metaforicamente, mas não só, o mar afasta-se. A construção do molhe norte, tão desejada pelos figueirenses, aniquila o mar como recurso estival. Em seu lugar instala-se um areal distante que confere luz própria à urbe, mas que põe o mar longe. Este areal, liso, branco e vazio, é a imagem da alma figueirense, despovoada dos encantos marinhos e do que lhe estava tão proximamente associado.

Do mar-chão ao mar-festivo (3)

A cidade monta um cenário para um espectáculo que decorre durante um certo período e, no final, desmonta-o. O palco esvazia-se, o público debanda, ficam os restos da festa.

Do mar-chão ao mar-festivo (2)

A Figueira da Foz é sinónimo de praia. Ainda hoje. Não porque seja uma referência dos nossos dias como estância balnear, mas porque a praia foi a melhor e a mais forte das suas imagens de marca. Não interessa aduzir aqui das razões que levaram à decadência da Figueira e Buarcos como destino de férias de Verão, mas atentar na importância que teve o nascimento e o apogeu da praia na conformação do carácter das gentes.

Do mar-chão ao mar-festivo (1)

Santiago Prezado, no poema O Mar nos meus ouvidos, narra ao leitor como a toada “constante e plangente” do oceano o acompanhou “pelo mundo fora e vida fora”; dizem os versos, sentidos e marcantes deste figueirense, que essa canção, ouvida desde menino, lhe ficou “gravada na emoção mais funda” do seu fundo sentir, “como se o mar bramisse” dentro de si.

Dance me to the end of love

Se formos ver videoclips de músicas sobre este tipo de amores… as caixas de comentários são absolutamente extraordinárias. É uma maravilha! Um dia, as pessoas que nos estão a ouvir, que estejam em baixo ou descrentes na natureza humana e descrentes no amor, vão às caixas de comentários do “Dance me to the end of love”, do Leonard Cohen, por exemplo. E deliciem-se. Porque as confissões que as pessoas fazem lá e o que mostram da sua vida em casal é fabuloso.

Luto

Tomando como ponto de partida o fogo de 15 de outubro de 2017, de tal modo violento que marca um antes e um depois na sua história, o espetáculo criado em Tábua para a Rede Artéria “Luto” debruça-se sobre as questões do trauma e da catástrofe.