Podcast que pretende acolher desassossegadas, ecléticas e curiosas vozes do concelho da Figueira da Foz.

MANUEL FERNANDES TOMÁS (1771-1822)

Recolha documental e organização cronológica:

Implementação:

Figueira da Voz

31 de Julho de 1771
Nasceu Manuel Fernandes Tomás
Nasceu na Figueira da Foz, no ano em que a então aldeia foi elevada a vila, filho de João Fernandes Tomás e de Maria da Encarnação. A rua onde nasceu chamava-se Rua dos Tropeções ou Ladeira dos Tropeções, situando-se a 30 metros da Praia da Reboleira que, mais tarde, em 1789, seria aterrada e se transformaria na atual Praça Nova.
31 de Julho de 1771
1791
tirou o grau de bacharel em Cânones
Manuel Fernandes Tomás foi estudar para a Universidade de Coimbra, onde tirou o grau de bacharel em Cânones, com apenas 20 anos.
1791
30 de Agosto de 1792
nomeado síndico e procurador fiscal do município da Figueira.
Foi nomeado síndico e procurador fiscal do município da Figueira.
30 de Agosto de 1792
De 1795 a 1798
Foi vereador
De 1795 a 1798
1801
Entrou na magistratura
Foi preso por entrar em conflito com o Juiz de fora, mas, reabilitado por José Seabra da Silva, entrou em 1801 na magistratura e foi nomeado juiz de fora em Arganil, onde se mantém até 1805, ano em que foi nomeado superintendente das alfândegas e dos tabacos nas comarcas de Leiria, Aveiro e Coimbra.
1801
Finais de 1807
Retirou-se para a sua quinta das Alhadas
Em 20 de novembro de 1807 as tropas francesas invadem Portugal pela 1ª vez. Comandadas por Junot, assassinam, violam e saqueiam o povo. A família real foge para o Brasil com 34 navios de guerra e 15000 séquitos, ouro, livros e muitas outras riquezas. Em finais de 1807, Manuel Fernandes Tomás, desgostoso pela humilhante invasão francesa, retirou-se para a sua quinta das Alhadas e aí permaneceu até 1808.
Finais de 1807
27 de Junho de 1808
Participou na libertação do Forte de Santa Catarina
A Figueira da Foz é ocupada pelos invasores franceses que ocupam o Forte de Santa Catarina. A 25 de junho de 1808, um grupo de 30 estudantes parte de Coimbra em direção à Figueira da Foz, arrastando consigo mais de 3000 populares que tomam de assalto o Forte de Santa Catarina na madrugada do dia 27 de junho. Manuel Fernandes Tomás participa na libertação do Forte de Santa Catarina.
27 de Junho de 1808
Agosto de 1808
Foi indigitado para tratar com Wellesley os assuntos referentes aos interesses e necessidades do exército
De 1 a 5 de agosto de 1808, 13.000 militares ingleses comandados pelo general Arthur Wellesley desembarcaram nas praias de Lavos (Cabedelo). Libertaram a Figueira da Foz do jugo francês e depois deslocaram-se para Sul em perseguição das tropas francesas. Manuel Fernandes Tomás foi indigitado para tratar com Wellesley, futuro lorde Wellington, todos os assuntos referentes aos interesses e necessidades do exército inglês.
Agosto de 1808
1809
foi indigitado provedor da comarca de Coimbra
Foi indigitado provedor da comarca de Coimbra, onde se manteve até 1810.
1809
1810
Foi nomeado adjunto ao comissariado do exército e intendente dos víveres no quartel-general de Beresford
Os franceses foram derrotados, mas voltam a invadir Portugal por mais 2 vezes: em março de 1809 com o general Soult e em 1810 com o general Massena. Os ingleses ajudam-nos novamente a expulsar os franceses, mas passam a controlar a nossa vida política e militar sob o comando do Marechal Beresford, que administrava Portugal sob mão de ferro, tratando-nos como uma colónia inglesa e despertando grande descontentamento junto dos oficiais e intelectuais portugueses. Em 1810, Manuel Fernandes Tomás foi nomeado adjunto ao comissariado do exército e intendente dos víveres no quartel-general de Beresford.
1810
1811
Foi designado desembargador honorário da Relação do Porto
1811
1812
Foi estudar, investigar e escrever para Coimbra
Volta a Coimbra em 1812, onde vai estudar, investigar e escrever, só assumindo funções no Porto em 1814. Publicou o Repertorio Geral, ou Indice Alphabetico das Leis Extravagantes do Reino de Portugal, impresso pela Universidade de Coimbra, entre 1815 e 1819.
1812

Os ingleses permaneciam em Portugal, controlavam o comércio, a vida política e o exército, pelo que muitos patriotas se organizaram no sentido de acabarem com o domínio inglês. 

Formou-se em Lisboa o “Supremo Conselho Regenerador de Portugal e do Algarve”, integrado por oficiais do Exército e Maçons, com o objetivo de expulsar os britânicos do controlo militar de Portugal, promovendo a “salvação da independência” da pátria. Este movimento foi liderado pelo General Gomes Freire de Andrade.

Freire de Andrade é preso em 25 de maio de 1817, com outros 11 oficiais do exército, acusado de liderar uma conspiração contra Dom João VI, que nada mandava e estava no Brasil desde 1807, fugido das invasões francesas, donde só regressou em 1821. 

Freire de Andrade foi enforcado no dia 18 de outubro de 1817, por ordem do Marechal Beresford, no cadafalso na Torre de S. Julião da Barra, e os demais 11 oficiais no Campo de Santana, hoje denominado, em sua memória, Campo dos Mártires da Pátria.

Este procedimento da Regência e de Lord Beresford, comandante em chefe britânico do Exército português e regente de facto do reino de Portugal, só aumentou a revolta antibritânica entre os liberais.

Freire de Andrade tornou-se um símbolo dos defensores do ideário liberal e da luta contra o domínio britânico em Portugal ao ser executado naquela tarde do dia 18 de outubro de 1817. 

Manuel Fernandes Tomás partilhava dos ideais do General Freire de Andrade e ambos eram maçons. 

Manuel Fernandes Tomás foi iniciado na maçonaria em data desconhecida, tendo pertencido à Loja Fortaleza e à Loja Patriotismo, desta última Venerável, com o nome simbólico de Valério Publícola.

22 de Janeiro de 1818
Fundou o Sinédrio
No Porto relacionou-se com outro jurisconsulto notável e liberal, José Ferreira Borges, também maçon, com quem fundou o Sinédrio, a 22 de janeiro de 1818, e ainda com João Ferreira Viana e José da Silva Carvalho, com o objetivo de preparar uma revolução.
22 de Janeiro de 1818
24 de Agosto de 1820
Revolução Liberal
A revolução ocorreu no Porto, e os revolucionários reuniram-se nas dependências da Câmara Municipal, onde constituíram a "Junta Provisional do Governo Supremo do Reino", integrada pelo Desembargador Manuel Fernandes Tomás, Vogal representante da magistratura.
Manuel Fernandes Tomás foi o redator do "Manifesto aos Portugueses", no qual se dava a conhecer à nação os objetivos do movimento revolucionário. A revolução espalhou-se rapidamente, sem resistências, para outros centros urbanos do país, consolidando-se com a adesão de Lisboa.
24 de Agosto de 1820
28 de Setembro de 1820
Escolhido como vogal da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino
Os governos do Porto e de Lisboa uniram-se numa única "Junta Provisional do Supremo Governo do Reino", com o encargo de organizar as eleições para as Cortes Constituintes, e Manuel Fernandes Tomás foi escolhido como vogal da Junta.
28 de Setembro de 1820
1821
Eleito deputado pelas Beiras às Cortes Constituintes, Presidente das Cortes e detentor das pastas do Reino e da Fazenda
Os governos do Porto e de Lisboa uniram-se numa única "Junta Provisional do Supremo Governo do Reino", com o encargo de organizar as eleições para as Cortes Constituintes, e Manuel Fernandes Tomás foi escolhido como vogal da Junta.
1821
1821
Elaborou as bases da Constituição
Elaborou as bases da Constituição que D. João VI jurou no dia 4 de julho de 1821, no mesmo dia em que desembarcou em Lisboa provindo do seu refúgio de 14 anos no Brasil. Em 1 de outubro de 1822, D. João VI jura a Constituição final, ainda que a rainha D. Carlota Joaquina, absolutista radical, se tenha recusado a fazê-lo.
1821

A atividade parlamentar de Manuel Fernandes Tomás foi das mais produtivas da história do parlamentarismo português, nela inscrevendo novas referências jurídicas e constitucionais. São de sua autoria os célebres Manifesto da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino aos Portugueses e o Relatório Acerca do Estado Público de Portugal.

19 de Novembro de 1822
Faleceu em Lisboa
Faleceu em Lisboa, a 19 de novembro de 1822, poucos dias após a aprovação da Constituição de que fora um dos principais obreiros. Deixou consternados a sua família, os amigos, o partido liberal e a família maçon.
Os seus restos mortais foram sepultados em Lisboa, primeiro na antiga igreja de Santa Catarina, trasladados depois para a Igreja dos Paulistas e desta transferidos para jazigo de família no cemitério dos Prazeres.
Na oração fúnebre de Manuel Fernandes Tomás, Almeida Garrett elege-o como "o patriarca da regeneração portuguesa”. “Estava tão pobre que não tinha dinheiro para comer. Um cidadão extremado, um homem único, um benemérito da Pátria, um libertador do povo escravo”, escreveu sobre ele o poeta Almeida Garrett.
19 de Novembro de 1822
2 de Dezembro de 1822
O "primeiro dos regeneradores"
Nas primeiras cortes ordinárias após a sua morte, Borges Carneiro propõe que a Nação tome a seu cuidado, como testemunho de gratidão pública, as exéquias funerárias do “primeiro dos regeneradores”, o que foi aprovado.
2 de Dezembro de 1822
6 de Dezembro de 1822
Governo incumbido de erigir um monumento a Manuel Fernandes Tomás
As cortes decretam incumbir o Governo de erigir um monumento sepulcral “simples e modesto”, com inscrição “a Manuel Fernandes Tomás as Cortes Ordinárias de 1822”, bem como patrocinar “meios de subsistência à sua família”.
6 de Dezembro de 1822
Abril de 1906
Constituída a Comissão Promotora do Monumento
O monumento não foi construído, mas a ideia é abraçada por 4 operários figueirenses, José Augusto Fernandes Talhadas, Frutuoso Abel Santos, João Maria Cardoso Pereira e João da Silva Rascão, que se constituíram em Comissão Promotora do Monumento. A angariação dos fundos necessários foi iniciada com sucesso e teve até a contribuição do rei D. Carlos e do seu governo.
Abril de 1906
24 de Agosto de 1911
Inaugurada na Praça Nova a estátua de Manuel Fernandes Tomás
Em 24 de agosto de 1911, quando se comemoravam 91 anos da revolução liberal, foi inaugurada na Praça Nova a estátua de Manuel Fernandes Tomás. Uma multidão partiu do Salão Nobre dos Paços do Concelho, seguiu à frente a Filarmónica Figueirense, o neto do homenageado, Manuel Fernandes Tomás, seus filhos, elementos do Regimento 28 de Artilharia, associações artísticas, o Ginásio Clube, Bombeiros, Associação dos Pedreiros, Caixeiros, Carpinteiros, o Monte Pio, sócios do Centro José Falcão, fechando o cortejo a Filarmónica 10 de Agosto.
Frente à Estátua formava, “com todo o garbo”, o Batalhão dos Voluntários com a banda dos 23, chefiado pelo capitão Girão.
A Praça estava engalanada com colchas nas janelas.
Usaram da palavra Francisco Martins Cardoso, Manuel Fernandes Tomás (neto do homenageado), Lino Pinto (Alqueidão), Carlos Borges e Gustavo Bergstrom. À noite continuaram os festejos populares e realizaram-se vários concertos e saraus associativos.
24 de Agosto de 1911
24 de Agosto de 1988
Restos mortais de Manuel Fernandes Tomás chegam à sua terra natal
Perante enorme multidão e com a presença do Presidente da República, Dr. Mário Soares, os restos mortais do insigne figueirense chegam à sua terra natal, onde repousam sob a sua estátua, bem perto do local onde nasceu, na Rua dos Tropeções, a atual Rua 31 de julho.
24 de Agosto de 1988